Emergência zoossanitária
CRMV-MG divulga Nota técnica sobre Influenza Aviária
No último dia 22 de maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) declara estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional, por 180 dias, em função da detecção da infecção pelo vírus da influenza aviária H5N1 de alta patogenicidade (IAAP) em aves silvestres no Brasil (Portaria Nº 587).
Entende-se por doença emergencial animal (DEA) aquela doença transmissível, exótica ou erradicada no país ou em partes do país, com potencial de rápida disseminação, significativo impacto para a economia ou risco de crise para a saúde pública ou vida selvagem, para a qual seja necessária adoção imediata de ações, por parte do SVO, para contenção ou erradicação.
Emergência zoossanitária é a condição específica causada pela confirmação de um caso de DEA, que demande a mobilização urgente de recursos humanos, materiais, tecnológicos ou financeiros, bem como o emprego imediato de medidas de prevenção, detecção, preparação, resposta ou recuperação frente a riscos, danos e agravos à economia, sanidade, saúde, segurança ou inocuidade alimentar agropecuária.
Registros de casos no Brasil
No final de 2022, vários países da América Latina identificaram casos de Influenza Aviária e, mais recentemente, no Brasil, no dia 15 de maio de 2023 foram detectados os primeiros casos do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) - H5N1 em três aves silvestres no Espírito Santo. No dia 20 de maio, o MAPA divulgou a confirmação de mais dois casos de IAAP em aves silvestres, sendo um caso no Espírito Santo e outro no Rio de Janeiro. Por último, no dia 22 de maio, foram confirmados mais três casos também no Espírito Santo. Até o momento, são oito casos confirmados em aves silvestres, sendo sete no estado do Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. Não foram identificados casos de gripe aviária em humanos. Ressalta-se que não foi registrado caso de IA na produção comercial.
Segundo o MAPA, não há mudanças no status brasileiro de livre da IAAP perante a Organização Mundial de Saúde Animal, justamente por não haver registro na produção comercial. Além disso, a Portaria nº 587 também prorroga, por tempo indeterminado, a vigência da suspensão de realização de exposições, torneios, feiras e outros eventos com aglomeração de aves e a criação de aves ao ar livre, com acesso a piquetes sem telas na parte superior, em estabelecimentos registrados no MAPA.
Atuação dos médicos-veterinários e zootecnistas
A atuação dos médicos e médicas-veterinárias e zootecnistas como agentes promotores da Saúde Única no país é essencial para evitar que o vírus chegue em Minas Gerais e em outros locais do território brasileiro. Para isso, o profissional deve se manter atento aos sinais clínicos suspeitos das aves e, caso identificados, entrar em contato com o SVO imediatamente. Além disso, reforçar as medidas de biosseguridade em granjas e em unidades produtoras de aves.
Leia as informações do anexo a seguir para saber mais sobre a Influenza Aviária.
23 de maio de 2023
Assessoria Técnica
Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais
ANEXO I
Informes técnicos sobre a Influenza Aviária
O que é a doença? A Influenza Aviária, também conhecida como “Gripe das aves”, é uma doença viral, altamente contagiosa e que possui rápida disseminação. Ela é causada por vírus divididos em múltiplos subtipos e, de acordo com a patogenicidade, pode ser classificada como “Influenza aviária de baixa patogenicidade – IABP”, que geralmente causam poucos ou nenhum sinal clínico nas aves, ou como “Influenza aviária de alta patogenicidade – IAAP”, que pode causar graves sinais clínicos e altas taxas de mortalidade.
Quem são os hospedeiros? O vírus afeta principalmente aves domésticas e silvestres. No entanto, também pode causar a doença em mamíferos, como suínos, focas, ratos, gatos, cães, cavalos e humanos.
Quais são os sinais clínicos? A manifestação mais grave da IAAP é de uma síndrome aguda que afeta múltiplos órgãos e sistemas e que pode provocar mortalidade de 100% das aves afetadas em menos de 48 horas. Na maioria dos casos, o animal apresenta morte súbita sem manifestação clínica. No entanto, antes de morrer, alguns animais podem apresentar depressão/apatia intensa e alterações nos sinais respiratórios e neurológicos. Dentre eles, pode-se citar coriza, espirros, tosses, dificuldade de respirar, cianose, edema e necrose de crista e barbela. Além disso, pode haver hemorragia e edema nas pernas, diarreia aquosa esverdeada ou branca, desidratação, torcicolo, opistótono e andar cambaleante. Ademais, podem haver alteração nos ovos, como queda na postura e produção de ovos deformados, com casca fina, frágil e despigmentada, dentre outros.
Como é a transmissão? A principal forma de transmissão é o contato das aves domésticas susceptíveis com outras aves de vida livre contaminadas. Esse contato pode ser de forma direta entre hospedeiros, através de aerossóis e secreções respiratórias, fezes, fluídos corporais e carcaças contaminadas. Ou também de forma indireta através de fômites, como objetos, sapatos, roupas, veículos, dentre outros materiais contaminados.
A transmissão de influenza aviária entre pessoas é rara. No entanto, por ser uma zoonose, as pessoas que não utilizam equipamento de proteção individual (EPI) e que possuem contato próximo ou prolongado com aves infectadas ou locais contaminados podem estar em maior risco de infecção pelo vírus da gripe aviária. Vale ressaltar que pessoas infectadas pelo vírus podem transmiti-lo às aves.
Segundo o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), estima-se que a fonte de infecção dos focos recentemente notificados na América do Sul esteja relacionada ao contato com aves silvestres de vida livre, que chegaram a estes países por meio de rotas migratórias. Considerando que o Brasil faz parte da rota de aves migratórias supostamente envolvidas nas recentes notificações, dada a detecção da doença em países fronteiriços e com recentes notificações já em território nacional, é necessário que todos se mantenham em alerta e sigam as orientações dos sistemas de vigilância e prevenção da doença.
Como prevenir? O IMA reforça que todas as medidas de biosseguridade, não só aquelas exigidas pela legislação, mas também demais medidas complementares devem ser seguidas à risca nas granjas de produção. Dentre elas:
● Manter a tela do galpão íntegra, sem frestas ou outras passagens que permita a entrada de aves de vida livre dentro do galpão;
● Não permitir a entrada de pessoas alheias ao processo de produção dentro da área de segurança da granja. Se a entrada de outras pessoas for realmente necessária, certifique que a mesma não teve contato com outras aves. Neste caso, é recomendado o uso de propés ou calçados de uso exclusivo daquele estabelecimento.
● Manter as aves em locais restritos, sem acesso a outros animais domésticos.
● Restringir a entrada de veículos. Aqueles veículos cuja a entrada seja realmente necessária devem passar pelo arcolúvio que, por sua vez, deve estar em pleno funcionamento para desinfecção efetiva.
O que fazer em casos de suspeita?
Em casos de suspeita e aparecimento de aves com os sinais supracitados, principalmente sinais respiratórios, digestivos e nervosos em aves, devem ser imediatamente notificados ao IMA, principalmente quando associados ao aumento de mortalidade.
Notifique através dos seguintes canais:
● No Escritório Seccional do IMA, por meio de telefone, e-mail ou presencialmente. O endereço e telefone de todas as nossas unidades locais estão disponíveis no site www.ima.mg.gov.br
● Por meio do WhatsApp: (31) 98598 9611. O passo a passo para este canal de comunicação também está disponível no site www.ima.mg.gov.br
Fontes
Instituto Mineiro de Agropecuária, Governo do Estado de Minas Gerais, Nota Técnica nº 40/IMA/GDA/PESA/2022: SEI/GOVMG - 57449597 - Nota Técnica.
Instituto Mineiro de Agropecuária, Governo do Estado de Minas Gerais, Nota Técnica nº 41/IMA/GDA/PESA/2022: SEI/GOVMG - 58162304 - Nota Técnica.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ministro da Agricultura declara emergência zoossanitária devido à Influenza Aviária no Brasil. Acesso: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/ministro-da-agricultura-declara-emergencia-zoossanitaria-devido-a-influenza-aviaria-no-brasil
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Emergências Zoossanitárias. Acesso: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/emergencias-zoossanitarias
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. PORTARIA MAPA Nº 587, DE 22 DE MAIO DE 2023. Acesso: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-mapa-n-587-de-22-de-maio-de-2023-484773718
Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Acesso:
23 de maio de 2023
Assessoria Técnica
Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais